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A PALAVRA QUEBRADA
TERRITÓRIOS DE EXCLUSÃO, CULTURA E REINVENÇÃO

​Do sertão árido aos quilombos ancestrais, das periferias urbanas às fissuras da estrutura social brasileira, a palavra “quebrada” revela mais do que paisagem — revela resistência.

🌵 A QUEBRADA DO SERTÃO: ONDE A LUTA COMEÇA

No sertão nordestino, “quebrada” é sinonimo de terreno acidentado, isolado, onde o vaqueiro enfrenta a dureza da paisagem e da vida. Foi nesse cenário que Luiz Gonzaga, em 1963, eternizou a figura do vaqueiro em sua música *A Morte do Vaqueiro*, cantando sobre uma tarde tristonha “lá na quebrada do sertão”. A quebrada, nesse contexto, é símbolo de despedida, de resistência e de uma existência moldada pela escassez e pela força.

Essas quebradas rurais são o início de uma trajetória marcada pela exclusão territorial e pela resiliência cultural. São espaços onde o tempo se curva à sobrevivência, mas também onde a memória e o afeto resistem ao esquecimento.

🏙️ A QUEBRADA URBANA: DOR QUE VIRA ARTE

Com o avanço da urbanização e das migrações internas, o termo “quebrada” ganhou novos contornos. Nas periferias das grandes cidades, passou a designar os bairros marginalizados, distantes do centro, onde o acesso a serviços básicos é limitado e a presença do Estado é ausente. No entanto, é também nesses espaços que emergem potentes manifestações culturais — como o rap, o funk, o slam — que transformam dor em arte e exclusão em identidade.

A quebrada urbana é palco de criatividade e resistência. É onde jovens constroem narrativas próprias, reinventam linguagens e ocupam espaços com potência estética e política. A quebrada é, portanto, lugar de denúncia, mas também de criação.

🖤 QUILOMBO: A QUEBRADA ANCESTRAL

Se a quebrada é território de exclusão e reinvenção, os **quilombos** são sua raiz mais profunda. Desde os tempos coloniais, os quilombos surgiram como resposta à violência da escravidão, criando geografias próprias, longe dos centros de poder, onde o tempo se mede pela oralidade, pelo cultivo da terra e pela memória dos ancestrais.

Segundo **Beatriz Nascimento**, o quilombo é mais que refúgio — é projeto político e civilizatório. Ela via o quilombo como a continuidade da África no Brasil, uma forma de organização social baseada na coletividade, na espiritualidade e na resistência. “A favela é um quilombo”, dizia, revelando a conexão entre passado e presente, entre rural e urbano.

Nêgo Bispo**, pensador quilometra, propõe uma filosofia da **contra-colonização**, onde os quilombos são espaços de saber orgânico, biointeração e confluência. Para ele, o quilombo é um modo de vida que desafia a lógica capitalista e colonial, propondo uma alternativa civilizatória baseada na relação harmoniosa entre seres humanos e natureza.

Abdias do Nascimento**, em sua proposta de **quilombismo**, vê os quilombos como modelo de sociedade democrática, igualitária e antirracista. O quilombismo articula cultura, espiritualidade, economia e educação como pilares de uma nova civilização fundada na dignidade humana.

🧩 A SOCIEDADE QUEBRADA: FRAGMENTOS QUE RESISTEM

Mais recentemente, “quebrada” tem sido usada como metáfora para a própria estrutura social brasileira. Em um país marcado por desigualdades profundas, a sociedade se mostra quebrada em classes, oportunidades e direitos. De A a Z, cada cidadão parece ocupar uma letra distinta, uma posição específica dentro de um sistema que não se sustenta.

A quebrada política é, portanto, o reflexo de um país partido, onde a esperança ainda resiste nas margens. E é justamente nessas margens — nos quilombos, nas periferias, no sertão — que se constroem alternativas, saberes e mundos possíveis.

 QUEBRADAS COMO CENTRO

A trajetória da palavra “quebrada” revela muito mais do que mudanças semânticas — ela expõe a geografia da exclusão, a força da cultura periférica e a urgência de repensar as estruturas do país dividido pelas desigualdades. Da terra seca do sertão às vielas das metrópoles, dos quilombos ancestrais às favelas contemporâneas, a quebrada continua sendo lugar de dor, mas também de reinvenção.

É tempo de reconhecer que as quebradas não são margens — são centros de resistência, de cultura e de futuro.

Objetivos

Espalhar empatia

através da educação

Aumentar as doações em 24 países igualmente

Ajudar mais crianças e adolescentes a se formarem

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